Ele leva Pilares no nome, mas foi no Morro da Chacrinha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, que a história musical de Xande começou. “Lá em casa tinha um quintal enorme. E todo mundo fazia festa. Um tio tocava violão, outro cavaquinho e bandolim.
Quando era criança, o filho de Dona Maura e Seu Custódio quase não saía de casa. A mãe severa não deixava o menino brincar pelos caminhos do morro “pra não virar marginal”. “Foi uma das frases que eu mais ouvi durante a infância!” Só restava ao pequeno Alexandre uma alternativa: o violão.
As influências musicais foram chegando, sempre embrulhadas para presente. “No Natal, ganhava dois LPs: um do Roberto Carlos, que eu adorava, e um de samba: Martinho da Vila, Elza Soares, Jorginho do Império, Benito de Paula, Agepê, Bezerra da Silva, Dicró, Clara Nunes, Cartola, Nelson Cavaquinho…

Durante os anos 80, levado pelo seu primo Guará, começou a frequentar os pagodes pelo subúrbio do Rio de Janeiro. O Cacique de Ramos foi o primeiro que conheceu. Viu Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz entres outros. Aos 16 anos, começou também a tocar pelos pagodes. “Um dia, em Pilares, passei num lugar que tinha um botequim pequenininho e esse pessoal estava cantando um samba. Achei lindo, mas não sabia a letra. A música era “Velocidade da Luz” e logo entrou para o repertório de Xande, que foi passando pelos pagodes e rodas de samba da cidade.
Tocava em barzinhos no intervalo dos estudos e do trabalho como metalúrgico. “Pegava meu cavaquinho, fazia um freelance, ganhava um dinheiro, me divertia. Frequentava e tocava no Pagode da Geci, no Compasso da Vila, no Risco de Vida, na Adega do Sambola”, relembra.
O Revelação se formou em 1992 com Xande na voz e no cavaquinho, Luciano Nascimento, Sérgio Rufino, Alexandre Brasilia, Ronaldo Chagas e Artur Luís. O pagode toda quinta feira na quadra da Escola de Samba Acadêmicos da Abolição ficou famoso. Mas o grupo só lançou seu primeiro disco em 1999. Foram ao todo nove álbuns, quatro DVDs e mais de dois milhões de discos, sem contar as coletâneas e participações. Os sucessos, muitos: “Velocidade da Luz”, “Tá Escrito”, “Mulher Traída”, “Coração Radiante”, “Só Vai de Camarote”, “Grades do Coração” e “ Deixa Acontecer” .
As composições e parcerias de Xande também estão na voz de vários intérpretes. “Samba de Arerê” foi gravada por Beth Carvalho e Diogo Nogueira. Maria Rita escolheu “Mainha me Ensinou”, “Bola pra Frente” e “Nunca Se Diz Nunca”. Leci Brandão gravou “Perdoa” e ” Meu Oceano”.
Em 2014, ganhou seu primeiro samba-enredo no Salgueiro, sua escola de coração. “Gaia, a vida em nossas mãos”, foi um samba nota dez e conquistou os prêmios Estandarte de Ouro e Tamborim de Ouro. O cantor e compositor, que é do elenco do programa “Esquenta!”. No cinema, contracena com Regina em “Made in China”, filme de Estevão Ciavatta. Mas a grande surpresa foi a saída do Revelação. Xande gravou seu primeiro disco solo.