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Bira Presidente: O Cacique que fundou um Império chamado “Samba”

Fundador do Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal, foi mais que um artista, foi um ícone e um dos maiores operários do samba

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Poucos nomes traduzem a alma do samba com tanta verdade quanto Bira Presidente. Fundador do Cacique de Ramos e do grupo Fundo de Quintal, ele foi mais que músico: foi líder, referência, mestre, e elo entre gerações. Aos 88 anos, sua batida silenciou, mas seu legado seguirá eterno — nas rodas de samba, nos banjos dedilhados, nas palmas no compasso do pandeiro, no miudinho. Nesta matéria especial do Sambando.com, relembramos a trajetória, os feitos e a importância desse gigante da cultura brasileira.

🎭 Raízes de Bira Presidente
Nome de batismo: Ubirajara Félix do Nascimento
Nascimento: 23 de março de 1937 – Ramos (Rio de Janeiro)

Criado no subúrbio carioca, desde cedo mergulhou no universo do samba, dos blocos de rua, da umbanda e das escolas tradicionais como a Mangueira, onde conheceu ícones como Pixinguinha, João da Baiana e Donga.

Cacique de Ramos: o berço do novo samba
Fundação em 20 de janeiro de 1961, por Bira e seus irmãos, o Grêmio Recreativo Cacique de Ramos surgiu como bloco carnavalesco e virou símbolo cultural do Brasil.

Sediado na famosa rua Uranos, no subúrbio do Rio, a quadra ganhou o apelido de “Doce Refúgio”, onde todas as quartas-feiras o samba acontecia sob a bênção da tamarineira.

Reconhecimento oficial: Em 2010, o Cacique foi declarado Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro. Em 2012, virou enredo da Estação Primeira de Mangueira.

🎶 Fundo de Quintal: a revolução do ritmo
A batucada do Cacique inspirou Beth Carvalho, que apadrinhou os músicos e gravou com eles em 1978.

Em 1980, nasce oficialmente o grupo Fundo de Quintal, formado por Bira (pandeiro), Ubirany (repique de mão), Sereno (tantã), Almir Guineto, Jorge Aragão e Neoci.

Eles revolucionaram o samba ao incorporar banjo, repique de mão e tantã, instrumentos hoje símbolos do pagode.

🌟 Mestre e padrinho do samba moderno
O Cacique de Ramos virou escola de formação e acolhimento para grandes nomes do samba:

Zeca Pagodinho

Arlindo Cruz

Almir Guineto

Jorge Aragão

Jovelina Pérola Negra

Dudu Nobre

Grupo Revelação

e muitos outros…

A sede do Cacique virou ponto obrigatório para quem sonhava viver de samba. Bira recebia todos com generosidade e fé.

🏆 Conquistas e honrarias
O Fundo de Quintal lançou mais de 30 discos, com sucessos como O Show Tem Que Continuar, A Batucada dos Nossos Tantãs e Lucidez.

Vencedor do Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba/Pagode, em 2015.

Homenageado por escolas de samba, instituições culturais e por toda a nação sambista.

O Cacique segue vivo, com eventos, rodas e novos talentos, todos herdeiros do legado de Bira.

👴 Despedida e memória
Nos últimos anos, enfrentou o Alzheimer e o câncer com dignidade, cercado de carinho da família, amigos e comunidade do samba.

Faleceu no dia 14 de junho de 2025, aos 88 anos. Deixou um país em luto — e também em celebração de tudo que construiu.

O legado eterno de um presidente do povo
Bira não foi apenas um artista. Foi um cacique de verdade: conduziu seu povo com sabedoria, abriu caminhos para o samba, manteve viva a memória dos ancestrais e projetou o ritmo para o futuro. Com seu pandeiro, comandava multidões. Com seu lenço branco e aos passos do “miudinho”, unia gerações. Com seu coração aberto, fundou um império cultural.

No Sambando.com, seguiremos tocando, cantando, contando — porque enquanto houver samba, haverá Bira Presidente.

Gratidão mestre! Deus abençoe…

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