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sexta-feira, março 29, 2024

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Samba, fé e cultura: Viva São Cosme e Damião!

porque Cosme e Damião foram parar no samba?

Você viu?

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Quem não se lembra de na infância, correr pelas ruas em busca dos saquinhos de doce de Cosme e Damião?

Para muitos, inclusive que cresceram nas periferias e comunidades, esta é uma doce memória de momento feliz da infância.

A tradição originária da fé católica, se incorporou a cultura brasileira, especialmente do samba, muito pelo sincretismo religioso que uniu a fé católica as religiões de matriz africana especialmente a Umbanda:

No catolicismo, os irmãos gêmeos Cosme e Damião, viviam na região da Síria e eram médicos que se dedicavam a caridade, atendendo a comunidade onde viviam e passando a vida a curas as pessoas sem cobrar nada.

De onde vem a tradição de distribuir doces na festa de Cosme e Damião?

Na tradição da Igreja Católica pelo mundo, não havia ligação entre São Cosme e Damião e as crianças, muito menos a tradição de distribuição de doces;

Isso passou a acontecer no Brasil exclusivamente:

Na época da escravidão, havia não apenas a intolerância religiosa como ocorre hoje, mas, a total repressão a toda e qualquer manifestação religiosa dos negros escravizados.

Era uma das formas cruéis de subjugar os negros para que não tivessem forças para se reunir e se rebelar contra a brutalidade da escravidão, um dos maiores crimes que a humanidade já cometeu.

Mas, os negros mesmo escravizados, buscavam meios de preservar suas raízes e driblar a tirania de tempos tão sombrios.

Para tanto, com sabedoria e esperteza, cultuavam seus Orixás nas pessoas dos Santos Católicos, para não serem punidos. Era a origem do sincretismo religioso.

No caso de São Cosme e Damião, por serem gêmeos sincretizaram os Orixás Ibejis, gêmeos filhos de Xangô e Iansã a quem eram ofertados, nas religiões de matriz africana, doces em busca de graças e proteção.

E assim, a festa de São Cosme e Damião se transformou na Festa das Crianças com distribuição gratuita de doces que dura até os dias atuais.

A patota de Cosme

A ligação de São Cosme e Damião com o samba

O samba, expressão cultural de matriz africana mais autêntica do Brasil, exerce papel fundamental na preservação também desta tradição religiosa:

É que foi muito através das tias do samba e de seus mais ilustres representantes, especialmente no Rio de Janeiro, que a tradição conectada aos terreiros de Umbanda, de distribuir doces e brinquedos para as crianças no dia de Cosme e Damião, foi preservada até os dias atuais:

Para se ter uma idéia, uma das festas mais esperadas e mais famosas promovidas por Tia Ciata era justamente a festa de São Cosme e São Damião.

A conexão entre São Cosme e Damião e o samba é tão grande, que a GRES Mangueira, durante os carnavais de 2015 a 2019, sob o comando de Leandro Vieira, sempre teve no seu desfile na Sapucaí a presença de Cosme e Damião:

Aliás, no Carnaval 2017, homenageou Cosme e Damião com 80 componentes caracterizados com saquinhos de doce, enquanto a platéia também recebeu doces durante o desfile.

A Renascer de Jacarépaguá também trouxe em 2016 para a avenida, o enredo Ibejis, na brincadeira de criança: os Orixás viraram Santos no Brasil.

Os artistas que se declaram fiéis devotos de São Cosme e Damião e preservam a tradição

Nos dias atuais, nomes como Zeca Pagodinho, Regina Casé e Carlinhos Brown, fazem questão de manter viva a tradição, distribuíndo doces para crianças no dia de São Cosme e São Damião.

Vale dizer que a fé de Zeca Pagodinho em São Cosme e Damião é tão grande que, além da tatuagem no peito, ele dedicou o seu segundo álbum aos santos gêmeos: A Patota de Cosme!

Além disso, Zeca mantém em sua residência, um altar especial com imagens gigantes de São Cosme e São Damião, a quem pediu em 2020, força para superar a Covid-2019:

A diva Mariene de Castro, incluiu em um de seus dvds, uma das mais belas canções dedicadas a São Cosme e São Damião, exaltando outra tradição comum na Bahia, a de oferecer caruru aos Santos.

Podemos dizer que a festa de São Cosme e São Damião, mantida dentro da cultura do samba, e passada de geração em geração nos revela a vitória do bem sobre o mal:

Do mal da escravidão e da intolerância religiosa, surgiu a tradição de dar as crianças, principalmente as mais pobres, um dia de acesso a infância feliz, com direito a guloseimas e brinquedos que, talvez no dia-a-dia não possam nem experimetar.

Salve Cosme e Damião! Salve as Crianças! Salve o samba por manter viva a tradição e a fé!

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