
Dizem que eles tem limitações. Mas para eles, a palavra limitação não significa obstáculo, mas sim superação em a música é grande parceira nesta jornada. São inúmeros os exemplos de artistas que se dedicam à vencer as dificuldades e realizar seus sonhos. Três exemplos chamam a atenção, pela habilidade que têm de fazer coisas que muita gente não consegue:
Kinho, O Rodo da Bahia, comanda os vocais da banda o Rodo da Bahia numa cadeira de rodas e agita multidões em shows pelo nordeste. O ritmo que se caracteriza por gingados e coreografias não foi empecilho para o vocalista dar um show a parte: ” O Kinho é incrível, ele dança, brinca, canta e faz todo mundo tirar o pé do chão, com uma empolgação inacreditável. Eu sou muito fã da banda e dele, porque ele mostra pra gente que não existem limites para ser feliz e para se jogar na hora de dançar” (Suellen Ferreira – Aracaju-SE).
Da Bahia, vamos para o Rio de Janeiro: No Rio, Gabrielzinho do Irajá, garoto prodígio que desde os três anos de idade é apaixonado por samba, já foi ator de novela, é cantor, compositor e partideiro, dividindo o palco com grandes ícones, como Seu Jorge, Dudu Nobre, Almir Guineto, Monarco, Mauro Diniz, Luiz Carlos da Villa e vários outros. Aplicado e apaixonado por Samba de Raiz é dedicado ao estudo da Música. Frequentador do Cacique de Ramos, ele faz parte de rodas de samba e é um verdadeiro fenômeno na arte de fazer o samba de improviso, “versa” como ninguém e numa velocidade incrível. “Ele é o máximo, ficamos eu, ele e o Xandy de Pilares mais ou menos 2 horas versando um dia desses. O Gabrielzinho não perde uma! É um garoto talentoso e muito inteligente.” (Anderson Leonardo – Vocalista do Grupo Molejo).
E você já imaginou uma passista sambar sem nunca ter ouvido o som da bateria? Alguns poderiam achar que é impossível, mas para Brunna Messias (passista da Escola de Samba Unidos da Piedade do Espirito Santo), não é. Ela nasceu com deficiência auditiva mas, na avenida, samba como ninguém e segue até as paradinhas da bateria. “Tem gente que até esquece que ela não ouve e tenta conversar com ela” afirma o pai, orgulhoso por ter levado a filha as rodas de samba desde pequena.
Em 2016 sob o comando do coreógrafo Patrick Carvalho, a Comissão de Frente da União da Ilha trouxe oito cadeirantes para se juntarem a outros sete bailarinos que conduziram a escola pela avenida: Com acrobacias, impressionantes eles emocionaram o público demonstrando que, se tiverem oportunidade, vencem qualquer desafio.
A falta de inclusão de pessoas com necessidades especiais em shows, eventos e outros locais é, algo que precisa acabar. Várias casas de shows pelo Brasil, estão se adaptando para oferecer a estas pessoas, o mesmo tratamento que todo cidadão merece ter. Mas a caminhada ainda é longa e é preciso fazer muito para dar a pessoas tão especiais “acessibilidade no samba”.
Gabrilezinho do Irajá, Brunna Messias e Kinho. O que estes três tem em comum? O talento para superar limites! Alguns os chamam de DEFICIENTES, quando na verdade, eles são extremamente EFICIENTES, muito mais do que muitos de nós, dando o exemplo de que, não existem barreiras insuperáveis, quando se tem talento e força de vontade!
Precisamos aprender que, as vezes, nós é que nos tornamos deficientes, quando fingimos não ver, não ouvir e ignoramos a realidade de que, pessoas especiais como estas, podem nos ensinar muito mais do que imaginamos.